sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Carnavalha

Carnavalha

Quando a orquestra tocar a última canção
E a colombina, de morta se fizer entre confetes,
Congele a cena, dê um close no salão,
E veja como chora o pierrô sem paetês.

Agora mesmo eram dois e uma mesma sombra,
Rodopiando segredos sob máscaras,
Promessas que só o frenesi vislumbra
Antes que o dia amanheça em cinzas.

Lá fora, o ribombar da última bateria
Inflama passistas, levanta a galera.
Não há folião que não sorria.
Ai de mim, quem me dera!

Aqui, preso em velhas mesmices,
Vejo o cortejo, que canta a minha sina,
Resgatando as mesmas tolices
Do pierrô que perdeu a colombina.


(SP, fev 2015)

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