segunda-feira, 30 de março de 2015


Seleção Natural


A jabuticaba verde,
Ansiosa para envelhecer,
Perguntou à madura
Por que ninguém a queria.

Não é que não me querem,
Disse a madura, altiva e arrogante.
É que ainda não surgiu uma boca
Digna de minha textura e doçura

Você não tem medo do futuro?
Se demorar muito pode ficar amarga,
Apodrecer e morrer de madura.
Olha quantas amigas já se foram.

Não se preocupe, querida.
Você é verde, tem muito a aprender,
Enquanto eu, desfruto de sabedoria
E sei que minha vez está chegando.

Madura e verde nem perceberam
Quando o corcel branco parou
E da sua sela o príncipe saltou

Contemplou as pequenas notáveis
Como se escolhendo as mais saudáveis
Pareceu-lhe ter ouvido alguém discutindo

Príncipe dos meus sonhos,
Eu sou quem deves apanhar primeiro
Tenho mais fibras, mais vitaminas

Madura mente, meu gentil senhor
Olhe para minha silhueta,
Veja como esbanjo sais minerais.


O príncipe aproximou-se da árvore.
Serviu-se de algumas vizinhas das duas
E recolheu muitas outras ao cesto.

As duas jabuticabas se olharam.
Uma deixava sutil ruga à vista.
Desprezada, caiu de madura.

À outra, o príncipe estendeu a mão,
Aproximou-a dos olhos e disse:
És bonita, mas ainda muito verde.








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